Ex-funcionário da CIA expôs caso espionagem dos EUA

Um ex-funcionário da CIA, de 29 anos, foi a principal fonte das reportagens da semana passada do jornal Washington Post sobre os programas de espionagem da Agência de Segurança Nacional dos EUA, disse o jornal neste domingo.

O jornal Washington Post informou que Edward Snowden se identificou como a fonte sobre o programa secreto da Agência de Segurança Nacional. Snowden também se identificou como a fonte nas reportagens do jornal inglês Guardian sobre as infiltrações do governos.

O Washington Post citou declaração de Snowden em que diz que "é importante mandar uma mensagem ao governo de que as pessoas não serão intimidadas".

Edward Snowden usou o nome "Verax" (em latim, “narrador da verdade”) para conversar com o repórter do jornal "Washington Post" Barton Gellman sobre dados secretos de espionagem do governo dos Estados Unidos em cima de ligações telefônicas.

O ex-agente de inteligência, de 29 anos de idade, disse que sabia dos grandes riscos que estava assumindo em expor um programa de monitoramento de registros de telefone projetado pelo governo dos EUA para monitorar ameaças de terrorismo.

"A internet é, em princípio, um sistema para o qual você se revela para desfrutar totalmente, o que a diferencia de, por exemplo, um tocador de música", escreveu, justificando o motivo do vazamento.

"É uma TV que te assiste. A maioria das pessoas nos países desenvolvidos gasta pelo menos algum tempo interagindo com a internet, e governos estão abusando dessa necessidade em segredo para estender seus poderes além do que é necessário e apropriado."

Mesmo depois de muitas vezes com o jornalista, Snowden disse que não estava pronto para revelar o seu nome, informou o jornal na noite de domingo.

"Eu sei que terei reprimendas pelo que fiz, e que a revelação desta informação ao público marca o meu fim", escreveu ele no início de maio, antes de fazer seu primeiro contato direto.

Ele alertou que mesmo os jornalistas que buscavam a sua história estavam em risco.

A comunidade de inteligência dos EUA, escreveu ele, "certamente vai matá-lo se eles acham que você é o único que pode parar esta divulgação e torná-los o único proprietário da informação."

Para efetivar seu plano, Snowden pediu uma garantia de que o "Washington Post" iria publicar - dentro de 72 horas - o texto completo, em um apresetação de slide, descrevendo um programa de vigilância secreta que reunia equipes de inteligência da Microsoft, Facebook, Google e outros de empresas do Vale do Silício.

Ele também pediu também que o jornal publicasse on-line uma chave criptográfica que ele poderia usar para provar a uma embaixada estrangeira de que ele era a fonte do documento.

Gellman disse o "Post" não faria qualquer garantia sobre ele e revelou a história apenas duas semanas depois, na quinta-feira.

"Você não pode proteger a fonte", escreveu. "Mas se você me ajudar a tornar a verdade conhecida, eu vou considerar isso uma troca justa. Eu não tenho salvação."

"Talvez eu seja ingênuo", disse. "Mas acredito que, nesse ponto da história, o grande dano à nossa liberdade e modo de vida vem do razoável medo de que os poderes oniscientes do Estado sejam contestados por nada mais que documentos políticos."

O jornal, antes de revelar as informações de Snowden, procurou funcionários do governo para saber sobre o dano potencial à segurança nacional e acabou por publicar apenas quatro, dos 41 slides do ex-agente da CIA.  Snowden respondeu sucintamente: "Eu lamento que nós não fomos capazes de manter este projeto unilateral".

Snowden também fez contato com Glenn Greenwald, do jornal “The Guardian”, mas continuou os contatos com o "Post".

Quando Snowden foi questionado sobre questões de segurança nacional, ele respondeu:
“Conseguimos sobreviver a ameaças maiores da nossa história (...) que alguns grupos terroristas desorganizados e estados desonestos, sem recorrer a esses tipos de programas. Não é que eu não ache importante uma investigação, mas eu me oponho (...) a este tipo de vigilância em massa (...) Isso me parece uma ameaça maior para as instituições da sociedade livre do que relatórios de inteligência não conseguidos, não importa o que eles custem."

"Analistas (e o governo em geral) não são más pessoas, e não querem pensar em si próprios como tal", disse, questionado sobre as motivações governamentais para fazer a escuta.

Na tarde de domingo, como seu nome foi lançado ao mundo, Snowden entrou em contato com o jornalista do "Washington Post"  de uma sala de um hotel Hong Kong, não muito longe de uma base da CIA no consulado dos EUA.

"Nunca aconteceu nada parecido comigo ", escreveu ele. "Eu fui espião por quase toda a minha vida. Eu não gosto de ser o centro das atenções.”

 

G1